sexta-feira, 18 de junho de 2010

Quase quarenta.




A dama encara o espelho e observa angustiada as marcas que o tempo imprimiu em seu sorriso, a maquiagem pesada não pode esconder as pequenas manchas na pele clara, as quais ela se recusou a perceber. Os vinte anos se foram levando os amantes e a idéia de que o futuro não importa.
Ao seu redor estão quatro ou cinco gatos, escondidos em baixo da mobília empoeirada,o papel de parede amarelado combina com o som do bolero e com a garrafa de bebida barata.
Ela apaga o cigarro até pensa em esvaziar o cinzeiro, mas se distrai ao perceber que seu esmalte vermelho está lascado, olha pela janela e vê garoa, apanha um casaco e sem opção abraça a madrugada.


Emily Stevarengo

1 comentários:

Eduardo Kawamura 18 de junho de 2010 às 21:26  

Bem vinda!!!!
Muito bom o conto, bastante melancólico. Mas muito bom.
Edu

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