terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Mais uma dose de São Paulo

Hehe, cheguei hoje pra escrever de novo aqui e o blog do Rebeliarte tá de cara nova!
Um pouco colorido demais, mas tá da hora.
aqui, de novo pra contar mais uma 'aventura' em Sampa city .
Cinco e meia da tarde, final da jornada. Desde às sete e meia no trampo.
Finalmente livre. Uma caminhada até o metrô, ontem tomei chuva e cheguei em casa encharcado. Hoje, um sol de lascar, o tempo na cidade cinza é muito louco, vinte minutos de caminhada fritando debaixo do sol até o metrô.

Metrozão lotado e eu numa mistura de fome e sono enorme. Dormindo em pé, dando umas pescadas, cada vez que abro os olhos vejo várias pessoas olhando pra mim com aquela cara de quem quer perguntar: Você tá bem?
Faço um esforço pra manter os olhos abertos e não ficar passando vergonha dentro do vagão. Passam duas estações, aí o metrô enche de verdade, nem tem mais como pescar o aperto não permite.
Finalmente 'Corinthians Itaquera', desço a escada rolante e já vejo um quiosquezinho, o estômago ronca. Encosto, compro uma esfiha e um suco de abacaxi gelado. Estava no final já quando um moleque chegou perto com uma caixa cheia de amendoim pra vender.
Vai amendoim aí tio?
Não obrigado. (não gosto muito de amendoim)
Então o sr. pode me pagar um pão de queijo?
(Não pensei meia vez) Opa, pede aí mano! Quer um suco também?
Só balançou a cabeça que sim.
Paguei o suco e dez pãezinhos de queijo pro menino, ele agradeceu e falou:
vendendo amendoim por que quero comprar um tênis pra mim!
Assim mesmo, sem drama, sem demagogia, falou a real.
É isso aí mano, infelizmente é essa a realidade, tem que trampar porque o mundão aí fora tá louco. Vário moleques da sua idade, vão pro lado errado aí e você ta ligado como é que terminam.
É verdade, eu vou lá vender tio, ver se consigo alguma coisa, obrigado!
Vai lá mano, boa sorte!
Terminei de comer e fui descendo a outra escada, o moleque estava lá em baixo vendo o amendoim dele, olhou pra mim, se esforçou pra segurar tudo numa mão só e fez um sinal de jóia com a esquerda.
Perguntei: Quanto é o amendoim mano?
Cinquenta centavos.
Espera aí.
Contei o que tinha sobrado no bolso. Dois e cinquenta, dá cinco ?
É
Então me dá cinco!
Obrigado tio, valeu!
É pra te ajudar mano, pra você comprar seu tênis.
Obrigado!
Dois e cinquenta não faz nem diferença. Imagina o tanto de amendoim que ele vai ter que vender pra comprar o tênis dele.
Mas é só uma fé no moleque, se ninguém comprar ele desacredita da batalha e vai partir pro lado 'fácil', aí é que fica embaçado.
Conheço vários parceiros de esquerda que dizem sonhar com um mundo melhor e lutar por ele, mas se recusam a comprar o chocolate, a pipoca, o amendoim do moleque do farol, do estacionamento, do metrô.
Muitos alegam: É, a gente não pode colaborar com esse tipo de coisa, é trabalho infantil, é crime, a gente tem é que fazer alguma coisa pra ele não precisar trabalhar mais!
Claro que isso tem sua parcela de verdade, mas é aí que eu deixo meu recado:
Meu querido em partes você tá certo, mas até acontecer a revolução e as coisas mudarem por aqui, tem tempo o suficiente pra esse moleque virar bandido. Aí quando isso acontecer você vai fazer o que pra mudar o mundo dele?

1 comentários:

Anônimo,  12 de janeiro de 2010 às 20:54  

Se todas as pessoas tivessem uma atitude assim,muitas pessoas nao precisariam sair pelas ruas roubando ou assaltando,simplesmente venderiam um amendoim... Honestamente e conseguiriam conquistar suas proprias coisas...

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