terça-feira, 24 de novembro de 2009

Atividade da Consciência Negra

Não poderia escrever aqui, hoje, sem falar dos momentos que passamos na Marcha da Consciência Negra, no último dia 20. Fomos num grupo de mais de 16 pessoas, mais especificamente os grupos de Percussão e Literatura (Rebeliarte). Foi muito empolgante, deu pra sentir que a galera curtiu muito. Todo mundo colaborou, tocou, dançou, carregou instrumento, dividiu lanche, tomou chuva e tudo mais. A única coisa chata foi o motorista “mala” que nos arrumaram, o cara implicava com tudo, se queixou até de ter que transportar os nossos instrumentos, não permitiu um “sambinha” de lei, foi um mala de fato; mais uma ofensa a nossa cor, costume e cultura negra.
Em relação ao evento, eu tive a impressão de não ter atraído muitas pessoas, a Marcha parecia estar um tanto esvaziada, o que nos revela o fato de que as pessoas vêem o Dia da Consciência Negra como mais um belo feriado para pegar a estrada, curtir uma praia, colocar a casa em ordem, saí de balada, tudo menos marchar em protesto. E protestar o que? Nem temos o que protestar! Já somos até reconhecidos pela lei como cidadãos. Ora se somos!!! Temos até cotas nas universidades, cotas nas passarelas, temos uma lei que nos protege das ofensas que possamos sofrer pela nossa cor, freqüentar a "macumba" é permitido e na rua ninguém te olha atravessado, a polícia nos respeita a toda hora do dia, podemos usar cabelos espalhafatosos porque já é moda, é fashion. Se nossos heróis negros estivessem vivos se surpreenderiam, pois hoje tem TV e negro é personagem principal em novela, rico, padrão de beleza top e tudo; EUA é negro. Negro agora, aliás, é moda, é doutor e todos nos respeitam. É, estamos com tudo!!! Quem nos viu quem nos vê!
Então reivindicar o que? Pra que? Na vida tudo se alcança se houver esforço, se o dia-a-dia for encarado como uma verdadeira batalha na qual a vitória deve ser exclusivamente minha. Que vençam os melhores!
Infelizmente, estes discursos já conquistaram muitas mentes e corações (como diria nosso amigo Serginho), inclusive negros. E a gente é visto como louco (lembro até que liguei para um amigo negro convidando-o e ele tava bem "dormindo" e rindo de mim) quando diz que o nosso programa do fim de semana é marchar com a negrada que sabe bem que ainda há muito o que conquistar neste mundo em prol do povo negro (as estatísticas estão aí pra provar). Negro que, aliás, ainda vive preso a condições de vida, muitas vezes, subumanas, sujeito a salários baixos, educação de péssima qualidade, acesso limitado ao ensino superior, desrespeito a suas crenças e costumes, etc; todas estas condições limitam a população negra a uma vida precária com poucas perspectivas. Como se diz o processo é lento e o barato é louco.
Então, a Marcha foi prejudicada pela chuvinha que resolveu cair pouco depois do início dela e isso fez com que a gente encerrasse a nossa participação, uma vez que não podíamos colocar em risco os nossos instrumentos. Mas até onde participamos foi muito legal, o pessoal da Percussão foi o único grupo que acompanhou a Marcha tocando e a galera curtiu demais, até "chorou" quando fomos obrigados a parar.

Distribuímos panfletos, o Edú e Jô prepararam um material bem interessante com poema do Solano Trindade e apresentação do grupo e o Espaço Cultural levou a carta manifesto em homenagem ao Carlos Marighella. Fizemos balanço da atividade no ônibus, todo mundo manifestou satisfação e maturidade para sugerir alguns cuidados a ser tomados nas próximas atividades.

À noite eu voltei e curti os shows do Luiz Melodia e da Elza Soares, foi louco, me diverti muito.

Mudando de assunto, o pessoal tirou de se encontrar no próximo sábado para discutir a atividade de fim de ano. Eu, particularmente, não poderei estar, pois terei de participar num Congresso de Educação na Cidade Tiradentes. Mas deixarei minhas sugestões aqui no blog e enviarei por e-mail ao Edú os poemas que selecionei para publicação.

Agora preciso falar de uma coisa muita séria com vocês: todos sabem que fomos aprovados no edital de Ponto de Cultura, mas estamos com alguns problemas financeiros. Acontece que a nossa documentação está sendo regularizada e para assinar contrato, segundo o contador, falta apenas a emissão de uma certidão negativa municipal, conhecida como CCM. Para emití-la precisamos acertar dívidas com o município, multas e taxas fiscais de anos anteriores que não foram pagas. O contador levantou um valor de R$ 923,00, fora o valor de pagamento do serviço dele. Não temos muito a quem recorrer senão as pessoas que participam do Espaço, pois já recorremos à APEOESP, à galera do PSOL, e eles já colaboraram alguns meses atrás. Colaboraram inclusive para resolvermos questões da documentação e despesas do Espaço. Então fica complicado solicitar mais doação. Fora isso estamos com aluguel atrasado, duas contas de luz e telefone atrasadas e a Marriete para pagar. Está complicado, porém sabemos que a prioridade deve ser a documentação, haja vista que isso garantirá a existência do nosso trabalho por mais três anos, com direito a muito ar e fôlego.
Bom, gostaria de fazer esse apelo, quem puder contribuir, a contribuição será muito bem vinda, já que estamos com a corda no pescoço e temos prazo curto demais para resolver isso. Quem puder é só ligar para a Marriete no Espaço Cultural e trocar uma idéia.

"A união fará a força!"

Forte abraço a todos e todas.

Deixo para vocês um poema-presente, adianto que esse não será de nenhum bambambam da literatura, mas sim de um cara louco que inventou de se achar poeta.

Uma idéia


Paira no ar uma idéia
uma idéia vaga
uma idéia vagabunda
uma idéia ordinária
uma idéia safada
uma idéia promíscua
uma idéia romântica
uma idéia ideal
uma idéia revolucionária
uma idéia
uma idéia qualquer
uma idéia vaga
cabe ao poeta ocupá-la.


Fábio Pinheiro

(Penso em criar um pseudônimo que chame mais a atenção. Ajudem-me!)

4 comentários:

Fábio Pinheiro 24 de novembro de 2009 às 19:52  
Este comentário foi removido pelo autor.
Fábio Pinheiro 24 de novembro de 2009 às 19:54  

Acho que o Samuel postou hoje aqui! Pô cara peço mil desculpas por postar também, mas só agora reparei isso. Acontece que desde ontem estava preparando este texto para assim escrever aqui de fato na terça. Aí quando tive a oportunidade, vim seco e fui que fui.

Mais uma vez desculpa e peço a todos que leiam a postagem do Samuel e de todos que aqui escrevem.

Eduardo Kawamura 24 de novembro de 2009 às 21:16  

Esquenta não, Fábio, ficou combinado que, mesmo com os dias certos, a gente poderia postar em qualquer dia. Se tiver escrito algo legal, pode postar, na boa.

Samuel Macário 25 de novembro de 2009 às 15:12  

ta blz, fica a vontade, e sempre q tiver afim de postar pode postar, da mesma forma...
abraços.

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